30/05/2014

OPINIÃO: A Copa é um sucesso

A Copa do Mundo de 2014 já é um sucesso antes mesmo da bola rolar. Nunca na história desse país nenhum evento foi capaz, de forma tão eficaz, de mostrar ao mundo a verdadeira cara do país, que se autoproclama Rei do Futebol. Como sempre, nossos representantes afirmaram que essa seria a grande oportunidade de mostrar para todos o que o Brasil tem a oferecer. Sendo assim, tudo o que foi dito naquela época está sendo feito.

Realmente não entendo porque tanta reclamação e protestos, diante de tamanha sinceridade, fato que sempre foi tão cobrado pelos brasileiros, independente de sua classe social. Confesso que me surpreendi. Não esperava que nossos políticos fossem ser tão eficientes. De fundo do meu coração, e quem me conhece sabe que sempre pensei que as obras para o evento mais importante do futebol mundial aconteceriam no esquema “Rouba, mas faz”. Porém isso não aconteceu! Admito que errei.

Conforme foi dito por Joana Havelange, Diretora do ComitêOrganizador Local, filha de Ricardo Teixeira e neta de João Havelange, o quehavia para ser roubado já foi levado, porém as obras não serão entregue. Como disse antes, eu estava errado. Não vai rolar o “Rouba, mas faz”, porém pelo visto entra em cena o “Rouba e não faz”! Éramos felizes e não sabíamos!

Como afirmei no início, a Copa é um sucesso. Não queríamos que o mundo descobrisse o Brasil de verdade? Pronto...o serviço tá feito. Agora todos sabem que vivemos em um país cheio de burocracia, repleto de pessoas arrogantes, que do alto do seu saber cansaram de afirmar que os especialistas no assunto nada sabiam de Brasil e que na hora certa mostraríamos que daríamos o nosso jeitinho. Pois tá aí. Agora nem com jeitinho, nem com milagre dará para se fazer absolutamente nada. Aeroportos caóticos, estradas sucateadas, sistemas de transporte inexistentes e por aí vai. Saúde? Educação? Nem vale a pena ser citado, afinal de contas nunca tivemos isso por aqui e não seria a Copa que traria. Aliás, essa não é a proposta do evento, diga-se de passagem. Se ela não acontecesse por aqui, o cenário seria exatamente o mesmo e essas verbas desperdiçadas, provavelmente, em qualquer outra coisa.
Aeroporto Tom Jobim - Rio de Janeiro

Antes que pense diferente, nunca fui contra a Copa e sigo sendo favorável a mesma. Sou contra o jeito como as coisas são feitas por aqui e que o mundial apenas está evidenciando para todos, aquilo que estávamos cansados de saber. A culpa não é da Copa, a culpa é do Brasil! Como já disse Rica Perrone, este evento se tornou o sofá do corno...troca o sofá! Como se nossos “líderes” não tivessem a criatividade para inventar seja lá o que for para criar um novo esquema para fazer o que estão fazendo. Poderiam até inventar uma festa infantil, que cada bola de gás teria um custo de R$ 100, o bolo sairia por R$25.000, porém no caminho sofreria um grave acidente, o que obrigaria o confeiteiro a refazer o mesmo com um orçamento 3 três vezes maior, claro, sem concorrência devido a urgência do ocorrido. A bandinha que se apresentaria na festinha, seria uma que é muito bem vista entre os convidados, faria diversas propagandas para os organizadores do evento meses depois e, de quebra, ainda posariam de bons moços ao lado de um Luciano Huck da vida. Esse é o Brasil que todos amam.

Infelizmente não existem mocinhos e bandidos nessa história. Somos (quase) todos bandidos. Até quem hoje protesta é bem provável que faça isso porque não conseguiu a vaga que tanto desejava, ou perdeu, quando o político que ele apoia não foi eleito. Pois se tivesse tido sucesso, estaria vivendo no mesmo esquema desses que hoje estão no poder. Ninguém me contou, mas já vi mais de uma vez, pessoas muito engajadas que ao menor sinal de possibilidade de faturar algum, diga-se de passagem honestamente, largam sua ideologia e apoiam o evento de forma fervorosa. Imagina se a luta não fosse por um ideal! Nada contra greves, muito pelo contrário, acho que o brasileiro é um povo esfolado que deveria reclamar sim, porém fazer isso na véspera de um evento que a grande (e põe grande) maioria apoiou e vibrou quando conquistou é que vejo como sem pé nem cabeça. Além disso, pedindo muitas vezes coisas totalmente descabidas e nitidamente para simplesmente tumultuar. Volto a perguntar, será que os movimentos são mesmo movidos pelo ideal das pessoas?  Mais uma vez o brasileiro aproveita a oportunidade para mostrar o seu belo caráter.

Retorno à declaração de Joana Havelange, e mais uma vez (infelizmente) concordo com ela. Quem tinha que roubar, como ela disse, já roubou. Agora quem levará o prejuízo com o fracasso do evento serão aqueles que procuraram investir para ter algum rendimento com o evento. Não me refiro aos mega empresários não. Mas sim aqueles que lutam diariamente para tirar algum nessas ocasiões.

Se tá na moda reclamar de estádio, vamos reclamar. É mais fácil do que pensar em se especializar em gestão né? Afinal todos eles vão se transformar em belos elefantes brancos. Essa teoria é uma das que mais me deixam tristes de ver que já se consolidara até mesmo entre profissionais que admiro passaram a defendê-la. Porém, se esquecem de que qualquer administração bem mais ou menos, pode viabilizar quase qualquer coisa nesses locais nos dias em que não ocorrem eventos esportivos ali. É mais fácil criticar do que procurar entender, porque países ricos investem nessas instalações, não par usá-los apenas nos dias de jogos, mas sim transformá-los em locais úteis para a sociedade, que no caso deles, provavelmente não precisam de escolas ou hospitais, já que eles têm isso em outros locais e modelos. Porém, exemplos não faltam até mesmo de estádios que servem de unidades educacionais durante os dias de semana e são rentáveis para os gestores. Pensar dá trabalho e pra muita gente isso incomoda. É melhor ser “modinha” e criticar do que procurar entender o porquê os eventos esportivos são disputados a tapa por tanta gente.

Perdemos provavelmente a melhor oportunidade que tivemos em séculos, mas mostramos pro mundo a verdadeira cara do Brasil, conforme foi prometido. Penso que merecemos aprimorar nossos representantes, assim como a nossa própria sociedade. Tá cada vez mais complicado viver por aqui. Mas se rolar um evento bacana, com uma pinta cultural, vai ter um monte de gente achando interessante mostrar seu apoio, mesmo que isso também receba apoio governamental e que dê grana pra muita gente que se diz engajado por aí.

Em outubro quero ver esse povo todo protestando e mostrando que a solução está chegando por trás de uma legenda milagreira, como foi um tal PT décadas atrás. Ai teremos novos líderes que repetirão tudo de novo, afinal, o problema não é a Copa, mas sim o brasileiro. Em 2016 teremos Jogos Olímpicos e até agora pouco se viu questionamentos sérios a respeito das contas deste evento. Vamos deixar para ser conscientes no segundo semestre de 2015, afinal novas eleições estarão chegando e quem estará de fora terá uma nova oportunidade de dar a volta por cima.

*Por Rodrigo Calvoso
Esse texto reflete a opinião pessoal do autor e não é um artigo editorial


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07/04/2014

SEM COMPARAÇÕES, MAS QUE SIRVA DE EXEMPLO

   Como foi divulgado durante esta semana, o Barcelona recebeu o aval dos seus associados para que o estádio Camp Nou fosse reformado. Mesmo se tratando de uma das maiores praças esportivas da Europa, a casa do Barça muitas vezes não consegue receber todos os seus apaixonados e por isso precisa ser ampliada, segundo os seus dirigentes. 

   Para a surpresa de muitos, o projeto, que ainda precisa da aprovação de órgãos governamentais, só terá início em 2017 e sua conclusão é prevista para 2021. Diante do que temos visto no Brasil, essa previsão do que acontecerá ao longo dos anos poderia servir de modelo, ainda mais se comparado com o que estamos vendo com os estádios da Copa do Mundo. 

   Além de dar tempo para que o empreendimento não seja feito às pressas, já se sabe desde já que muito provavelmente o cronograma será respeitado em sua plenitude. Além disso, outros departamentos do clube iniciarão os trabalhos paralelos, que garantirão o sucesso do projeto antes mesmo de que ele esteja finalizado. Já é de conhecimento público, por exemplo, que o naming right do novo Camp Nou já será colocado à disposição no mercado. Alguém duvida que antes que os primeiros operários iniciem os trabalhos, essa propriedade já esteja negociada? 

O estádio terá capacidade para 105 mil pessoas
   Graças a essa organização, todos os torcedores, principalmente aqueles que possuem cadeiras cativas ou camarotes, saberão de antemão quando seus lugares habituais estarão interditados e quais soluções alternativas serão propostas. Patrocinadores não serão pegos de surpresa, já que terão conhecimento que determinadas áreas passarão por momentos conturbados e assim poderão avaliar se será interessante manter seus nomes no local ou se optarão por alguma outra solução que lhe agrade mais. Essa postura do clube gera confiança naqueles que querem associar sua marca ao time e assim a engenharia financeira se torna muito mais rentável para ambos os lados. 

   Sem querer comparar os valores envolvidos, muito menos a estrutura profissional de cada clube, vale lembrar que o departamento de marketing do Botafogo lutava com valentia para conseguir angariar fundos para negociar o naming right do Engenhão, estádio que assumiu em 2007. Quando estava próximo de conseguir essa façanha, foi impedido de concluir o negócio pois o estádio teve que ser interditado, muito provavelmente devido a pressa na conclusão das obras que deveriam ser entregues para os Jogos Pan-americanos realizados no Rio de Janeiro. Vale lembrar que até o momento ainda não há nenhuma previsão oficial de quando o local estará pronto para voltar a receber jogos, lembrando que o mesmo será utilizado como centro de treinamento durante a Copa do Mundo e voltará a receber competições oficiais nos Jogos Olímpicos de 2016. 

Um novo ginásio com 12 mil lugares também será erguido
   Vendo tudo isso nos questionamos, será que os patrocinadores, que se planejaram para associar seus nomes ao estádio e as competições, ficaram satisfeitos por terem que mudar seus planos estratégicos de forma emergencial? 

   Além de receber um novo estádio com 105 mil lugares, um nova arena para outros esportes, com capacidade para 12 mil pessoas, novos estacionamentos e áreas comerciais, o Barcelona dá um exemplo de organização comercial e prova que, apesar de estar envolvido em alguns escândalos recentes, terá o aval dos parceiros, que investem e fazem do clube o gigante mundial que é, e dará o retorno esperado ao seu maior patrimônio, ou seja, os seus fãs apaixonados.

*Por Rodrigo Calvoso

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