07/04/2014

SEM COMPARAÇÕES, MAS QUE SIRVA DE EXEMPLO

   Como foi divulgado durante esta semana, o Barcelona recebeu o aval dos seus associados para que o estádio Camp Nou fosse reformado. Mesmo se tratando de uma das maiores praças esportivas da Europa, a casa do Barça muitas vezes não consegue receber todos os seus apaixonados e por isso precisa ser ampliada, segundo os seus dirigentes. 

   Para a surpresa de muitos, o projeto, que ainda precisa da aprovação de órgãos governamentais, só terá início em 2017 e sua conclusão é prevista para 2021. Diante do que temos visto no Brasil, essa previsão do que acontecerá ao longo dos anos poderia servir de modelo, ainda mais se comparado com o que estamos vendo com os estádios da Copa do Mundo. 

   Além de dar tempo para que o empreendimento não seja feito às pressas, já se sabe desde já que muito provavelmente o cronograma será respeitado em sua plenitude. Além disso, outros departamentos do clube iniciarão os trabalhos paralelos, que garantirão o sucesso do projeto antes mesmo de que ele esteja finalizado. Já é de conhecimento público, por exemplo, que o naming right do novo Camp Nou já será colocado à disposição no mercado. Alguém duvida que antes que os primeiros operários iniciem os trabalhos, essa propriedade já esteja negociada? 

O estádio terá capacidade para 105 mil pessoas
   Graças a essa organização, todos os torcedores, principalmente aqueles que possuem cadeiras cativas ou camarotes, saberão de antemão quando seus lugares habituais estarão interditados e quais soluções alternativas serão propostas. Patrocinadores não serão pegos de surpresa, já que terão conhecimento que determinadas áreas passarão por momentos conturbados e assim poderão avaliar se será interessante manter seus nomes no local ou se optarão por alguma outra solução que lhe agrade mais. Essa postura do clube gera confiança naqueles que querem associar sua marca ao time e assim a engenharia financeira se torna muito mais rentável para ambos os lados. 

   Sem querer comparar os valores envolvidos, muito menos a estrutura profissional de cada clube, vale lembrar que o departamento de marketing do Botafogo lutava com valentia para conseguir angariar fundos para negociar o naming right do Engenhão, estádio que assumiu em 2007. Quando estava próximo de conseguir essa façanha, foi impedido de concluir o negócio pois o estádio teve que ser interditado, muito provavelmente devido a pressa na conclusão das obras que deveriam ser entregues para os Jogos Pan-americanos realizados no Rio de Janeiro. Vale lembrar que até o momento ainda não há nenhuma previsão oficial de quando o local estará pronto para voltar a receber jogos, lembrando que o mesmo será utilizado como centro de treinamento durante a Copa do Mundo e voltará a receber competições oficiais nos Jogos Olímpicos de 2016. 

Um novo ginásio com 12 mil lugares também será erguido
   Vendo tudo isso nos questionamos, será que os patrocinadores, que se planejaram para associar seus nomes ao estádio e as competições, ficaram satisfeitos por terem que mudar seus planos estratégicos de forma emergencial? 

   Além de receber um novo estádio com 105 mil lugares, um nova arena para outros esportes, com capacidade para 12 mil pessoas, novos estacionamentos e áreas comerciais, o Barcelona dá um exemplo de organização comercial e prova que, apesar de estar envolvido em alguns escândalos recentes, terá o aval dos parceiros, que investem e fazem do clube o gigante mundial que é, e dará o retorno esperado ao seu maior patrimônio, ou seja, os seus fãs apaixonados.

*Por Rodrigo Calvoso

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