Numa tarde que tinha tudo para ser somente de festa, foi marcada pela confusão, falta de respeito, empurra empurra, tumulto, cacetadas da polícia e uma longa fila para entrar no estádio do Maracanã.
Em um jogo onde só tinha uma torcida, os “responsáveis” pela organização do espetáculo deram mais uma vez um show de incompetência. Como se a ridícula fila na venda dos ingressos para a partida não bastasse, foi formada uma gigantesca fila também na entrada do jogo.
Fila essa que é o reflexo de como o torcedor é visto e tratado pelas as autoridades do futebol brasileiro. Ou seja, um “Zé Ninguém”, sem importância. Como consequência o torcedor foi mais uma vez maltratado, humilhado, espremido, agredido e tratado pior que animal.
Os fatos expõem erros e fragilidades gritantes na organização de um jogo de futebol no Brasil:
1 - Enxurrada de ingressos falsos: O ingresso do jogo chegava a ser uma falta de respeito, qualquer criança podia falsificar. Não existia nenhuma marca de segurança no ingresso, o torcedor somente descobria que era falso quando passava na roleta.
2 - Milhares de pessoas ao redor do estádio sem ingresso tentando “encontrar” uma maneira de ver o jogo: Milhares de pessoas sem ingresso ou com ingresso falso chegaram até as roletas.
3 - Roletas eram muito frágeis, por diversas vezes as roletas pararam de funcionar devido ao grande volume de pessoas: Será que o número de torcedores no estádio não era previsto?
4 - Polícia Militar organizando a fila na base da cacetada: Será que a função da Polícia Militar é organizar uma fila? Será que um policial recebe treinamento de como organizar uma fila?
5 - Roleteiros e policiais orientando as pessoas a pularem as roletas defeituosas: Por incrível que pareça, as roletas mesmo quando pararam de funcionar continuaram com as barreiras levantadas.
Como consequência além do enorme tumulto, muitas pessoas entraram sem ingressos, com ingressos falsos ou até com ingressos de outras partidas. O que gerou uma superlotação dentro do estádio.
Isso tudo poderia ser evitado se o torcedor fosse realmente o foco, se fossem tratados como consumidores. Se houvesse planejamento e principalmente se houvessem pessoas especializadas na organização e gestão do evento.
Os ingressos de jogos têm que possuir informações claras e ter diversas marcas contra a falsificação. Isso dificulta muito o trabalho dos falsificadores e possibilita que o torcedor facilmente identifique um ingresso falso.
Deve existir um anel de segurança, ao redor do estádio, fazendo uma triagem de quem possui ingresso. Dessa forma perto do estádio somente ficam as pessoas que realmente irão entrar no jogo
Todos as roletas devem ser testadas na véspera do jogo. Isso permite que seja feita a troca de roletas defeituosas.
A fila tem que ser organizada por profissionais treinados, com muito planejamento, prevenindo contra tumultos. Uma fila não pode ser organizada na base da pancada depois que a confusão já está formada. Local de Polícia Militar não é organizando fila de um evento privado.
Uma roleta de um estádio deve possuir um sistema de pane para quando ela parar de funcionar, o controle de entrada possa ser feito tranquilamente de forma manual. Para essa modalidade funcionar, também é preciso que o ingresso tenha diversas marcas contra a falsificação, permitindo uma fácil averiguação dos roleteiros e impedindo a entrada de pessoas sem ingressos ou com ingressos falsos. Obviamente essa operação deve ser fiscalizada para que os ingressos recolidos não voltem para a mão de cambistas.
Como podem perceber tudo é um ciclo virtuoso, se todas as medidas forem tomadas o consumidor poderá entrar no estádio com tranquilidade e segurança. As medidas existem e são adotadas em muitos países. Mas, infelizmente, aqui no Brasil tudo sempre parece muito mais difícil.
Até quando teremos que suportar esse descaso?
foto - O Globo / André Coelho
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