28/06/2013

ANÁLISE: NOVO MARACANÃ

Vista praticamente dentro do gramado é ótima para os fãs
Após 3 partidas (2 oficiais e 1 amistoso) já é possível fazer um balanço de quais foram as primeiras impressões do novo Maracanã. 

De um forma geral o estádio está aprovado, sempre lembrando a ideia que reina entre a maioria daqueles que visitam o estádio da final da Copa de 2014, ou seja, esqueça tudo que você vivenciou no antigo estádio, aquelas emoções devem ser guardadas na memória, a partir de agora trata-se de um novo palco que em nada lembra o antigo “maior do mundo”.

Livrando-se desse saudosismo, podemos afirmar que o Rio de Janeiro finalmente conta com uma arena de alto nível e que oferece condições plenas de atender seus clientes. Aqueles que conseguiram adquirir ingressos para as primeiras fileiras podem se sentir praticamente dentro do campo e podem ouvir o jogo como se fosse quase um integrante da comissão técnica. Apesar de alguns torcedores terem se queixado de que o novo Maracanã não tem a mesma acústica do antigo, devemos destacar que com a proximidade das cadeiras os verdadeiros amantes do futebol podem sentir de forma mais intensa as partidas e escutar cada detalhe do jogo. 

Novas cadeiras aparentemente frágeis
As cadeiras, que tantas reclamações mereceram por parte dos primeiros visitantes, por terem se tornado armadilhas devido ao sistema de levantamento do assento, são infinitamente mais confortáveis do que as que ali estavam instaladas e nem devem ser comparadas com as do Engenhão por exemplo. Como ponto preocupante neste quesito, destacamos a aparente fragilidade das mesmas. 

Os bares dos níveis inferiores merecem muitos elogios, já que estão em grande quantidade e distribuídos de forma que ninguém, mesmo em jogos de grande público, pode reclamar. Já no setor 5 (mais elevado) percebemos que o número diminui consideravelmente e que nem mesmo os quiosques instalados nesta área deram vazão a demanda, principalmente no intervalo da partida. Além disso, o despreparo dos atendentes causou certa preocupação, pois a grande maioria não continha troco e não procuraram tomar nenhuma atitude para solucionar o problema, deixando de vender o produto na hora de maior pico. 

Excelente estrutura de bares nos níveis inferiores, porém
no setor 5 houve carência e despreparo dos profissionais
Neste setor também foi percebido a pequena quantidade de banheiros. Tanto na hora do intervalo como no final dos jogos os mesmos não deram vazão e as filas se estendiam para fora dos mesmos. Já nos primeiros setores, apesar da difícil localização haviam muitos banheiros com ótima estrutura. 

Para quem gosta de analisar o jogo os setores
superiores continuam  sendo locais especiais
Com relação a vista do gramado pode-se afirmar com segurança que cada setor tem seu charme. Como já comentamos, os lugares mais próximos é onde o torcedor pode vivenciar melhor o jogo, mas temos que admitir que, como em qualquer estádio europeu, aquele não é o setor onde é possível assistir o jogo de uma forma ampla. Isso é possível, de forma muito mais eficiente, dos setores mais altos, uma vantagem exclusiva do Maracanã. Ao contrário da maioria das arenas o Mário Filho se caracteriza por não ser tão alto e esse detalhe foi mantido na nova formatação, que permite ao torcedor uma visão plena, mesmo estando no último setor. 

Esquema de chegada e saída funcionaram perfeitamente
A área externa também merece todos os elogios. O esquema criado pela Prefeitura e a Secretaria Municipal de Transportes funcionou perfeitamente. O estímulo da utilização do transporte público, assim como  a frequência dos mesmos, em especial do Metrô deve ser exaltada e analisada se seria possível voltar a utilizada em futuros jogos de grande interesse. A estratégia de transformar o ingresso em ticket de metrô deve ser avaliada para todos os jogos, pois foi um dos grandes motivos desse sucesso. Vale a pena registrar a atuação do próprio Secretário Municipal de Transporte, atuando na operação ao lado dos funcionários de forma efetiva. Nota 10. Como ponto a ser melhorado foi a estação Del Castillo/Nova América, já que uma grande quantidade de torcedores optaram deixar seus veículos no shopping anexo e a estação não preparou nenhum esquema especial para o horário de saída dos torcedores. Resultado? A confusão que não foi notada em nenhuma estação na área do estádio foi vista de forma intensa neste local. Graças a boa vontade dos próprios passageiros, acidentes foram evitados e tumultos não chegaram a gerar maiores problemas.

Falha no desembarque do Metrô em Del Castillo
Resta aguardar a grande final da Copa das Confederações para ver como será o comportamento do torcedor em uma situação de stress. A segurança para essas partidas se mostrou muito eficiente e segura, mas até o momento ainda não ocorreu nenhum jogo que realmente esteja valendo. 

Teremos que ver também como será o esquema para os jogos que não serão organizados pela Fifa. Caso seja possível, o ideal seria que esse esquema fosse sempre mantido, porém sabemos que é difícil. A convivência dos adversários terá que ser mais sadia, pois o novo estádio está preparado para receber torcedores e não vândalos prestes a entrar em um coliseu. 

Você visitou alguma arena da Copa das Confederações? Nos envie sua opinião com fotos para que possamos compartilhar neste canal.

Apesar de cheio esquema de entrada muito bem sinalizado

Com a proximidade é possível perceber os detalhes do jogo

Mesmo modificado o Maracanã segue sendo um local especial

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19/06/2013

ESTÁDIO DE DISCÓRDIA

Em meio a uma das mais importantes competições do calendário da FIFA o Brasil, país sede da Copa das Confederações, entrou em ebulição e os novos estádios do país entraram na pauta dos protestos, tornando-se “vidraças” dos políticos envolvidos nas acusações de superfaturamento. 

Daniel Cruz / www.35mmcomunicacao.com
 É mais do que evidente que nenhuma pessoa gosta e vai aceitar passivamente ser explorado e ser feito de idiota. Uma hora o povo se cansaria dos constantes escândalos e daria um basta nesta situação. Na verdade essa oportunidade é dada aos brasileiros a cada dois anos, quando acontecem as eleições, mas como a situação ficou tão pesada não foi possível esperar até que isso voltasse a acontecer. 

O aumento das tarifas de transporte e a chegada de centenas de jornalistas estrangeiros para a cobertura da Copa das Confederações se tornaram o momento ideal, na visão dos organizadores do protesto, para que o povo fosse para a rua e externasse sua opinião contrária a tudo o que vem acontecendo. 

Como o foco desses estrangeiros era o evento da FIFA, foi natural que o tema da reforma dos estádios caísse no centro dos debates, até porque os custos dos mesmos deixaram mais dúvidas do que certezas.  Mesmo com todos esses questionamentos, a população que era em sua imensa maioria favorável a realização dessas competições no país, passou a questiona-las e até rejeita-las, com o argumento de que o investimento deveria ser em hospitais e escolas. 

Daniel Cruz / www.35mmcomunicacao.com
 É evidente, e por mais que sejamos amantes do esporte (e também de arenas esportivas), temos que admitir que a prioridade de um governo deva realmente ser cuidar da educação e da saúde do povo. Não que a prática esportiva não englobe esses dois aspectos, porém é fato que hospitais e escolas devem ser colocados como itens prioritários ao invés de arenas de entretenimento. 

Mas como tudo que envolve esse assunto não pode ser visto superficialmente, precisamos analisar o aspecto de uma forma crítica e imparcial. Por isso o questionamento é: será que se não houvessem as reformas dos estádios da Copa do Mundo nossos sistemas educacionais e de saúde estariam funcionando bem atualmente? Houve uma escolha prioritária nesses investimentos? Sinceramente creio que não. Em outras palavras, se não fosse a reforma dos estádios, aqueles que são mal intencionados arranjariam outra forma de se beneficiar, utilizando esquemas inescrupulosos. O grande problema não é a Copa do Mundo e sim a péssima escolha que nós brasileiros fizemos quando indicamos essas pessoas para nos representar. O problema não é a Copa, mas sim o mau político.

É claro que somos entusiastas das modernas arenas esportivas, que tanto farão bem para o nosso esporte. Queremos sim te-las por aqui, mas também exigimos que todas as contas sejam apuradas e, se por acaso for provado que houve desvio de verba, que se prendam os responsáveis.  

Daniel Cruz / www.35mmcomunicacao.com
 Queremos a Copa das Confederações, Copa da Mundo, Olimpíadas e todos os grandes eventos acontecendo no Brasil. O que não nos impede de também exigir, escolas de qualidade, hospitais dignos e um sistema de transporte eficiente para a população. Uma coisa não inviabiliza a outra. O que é preciso fazer é uma limpeza na mentalidade política de nosso país, onde cada um visa apenas o benefício próprio ao invés do coletivo. 

Felizmente parece que o brasileiro acordou e não aceitará mais ser colocado como um povo passivo. A redução das tarifas pode ter sido apenas o primeiro sinal de que estamos no caminho certo para isso. Vamos torcer para que tenhamos a capacidade para não perder o foco e saber o que realmente precisamos questionar, com organização e civilidade. 

* Por Rodrigo Calvoso  
Fotos: Daniel Cruz - www.35mmcomunicacao.com

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