19/06/2013

ESTÁDIO DE DISCÓRDIA

Em meio a uma das mais importantes competições do calendário da FIFA o Brasil, país sede da Copa das Confederações, entrou em ebulição e os novos estádios do país entraram na pauta dos protestos, tornando-se “vidraças” dos políticos envolvidos nas acusações de superfaturamento. 

Daniel Cruz / www.35mmcomunicacao.com
 É mais do que evidente que nenhuma pessoa gosta e vai aceitar passivamente ser explorado e ser feito de idiota. Uma hora o povo se cansaria dos constantes escândalos e daria um basta nesta situação. Na verdade essa oportunidade é dada aos brasileiros a cada dois anos, quando acontecem as eleições, mas como a situação ficou tão pesada não foi possível esperar até que isso voltasse a acontecer. 

O aumento das tarifas de transporte e a chegada de centenas de jornalistas estrangeiros para a cobertura da Copa das Confederações se tornaram o momento ideal, na visão dos organizadores do protesto, para que o povo fosse para a rua e externasse sua opinião contrária a tudo o que vem acontecendo. 

Como o foco desses estrangeiros era o evento da FIFA, foi natural que o tema da reforma dos estádios caísse no centro dos debates, até porque os custos dos mesmos deixaram mais dúvidas do que certezas.  Mesmo com todos esses questionamentos, a população que era em sua imensa maioria favorável a realização dessas competições no país, passou a questiona-las e até rejeita-las, com o argumento de que o investimento deveria ser em hospitais e escolas. 

Daniel Cruz / www.35mmcomunicacao.com
 É evidente, e por mais que sejamos amantes do esporte (e também de arenas esportivas), temos que admitir que a prioridade de um governo deva realmente ser cuidar da educação e da saúde do povo. Não que a prática esportiva não englobe esses dois aspectos, porém é fato que hospitais e escolas devem ser colocados como itens prioritários ao invés de arenas de entretenimento. 

Mas como tudo que envolve esse assunto não pode ser visto superficialmente, precisamos analisar o aspecto de uma forma crítica e imparcial. Por isso o questionamento é: será que se não houvessem as reformas dos estádios da Copa do Mundo nossos sistemas educacionais e de saúde estariam funcionando bem atualmente? Houve uma escolha prioritária nesses investimentos? Sinceramente creio que não. Em outras palavras, se não fosse a reforma dos estádios, aqueles que são mal intencionados arranjariam outra forma de se beneficiar, utilizando esquemas inescrupulosos. O grande problema não é a Copa do Mundo e sim a péssima escolha que nós brasileiros fizemos quando indicamos essas pessoas para nos representar. O problema não é a Copa, mas sim o mau político.

É claro que somos entusiastas das modernas arenas esportivas, que tanto farão bem para o nosso esporte. Queremos sim te-las por aqui, mas também exigimos que todas as contas sejam apuradas e, se por acaso for provado que houve desvio de verba, que se prendam os responsáveis.  

Daniel Cruz / www.35mmcomunicacao.com
 Queremos a Copa das Confederações, Copa da Mundo, Olimpíadas e todos os grandes eventos acontecendo no Brasil. O que não nos impede de também exigir, escolas de qualidade, hospitais dignos e um sistema de transporte eficiente para a população. Uma coisa não inviabiliza a outra. O que é preciso fazer é uma limpeza na mentalidade política de nosso país, onde cada um visa apenas o benefício próprio ao invés do coletivo. 

Felizmente parece que o brasileiro acordou e não aceitará mais ser colocado como um povo passivo. A redução das tarifas pode ter sido apenas o primeiro sinal de que estamos no caminho certo para isso. Vamos torcer para que tenhamos a capacidade para não perder o foco e saber o que realmente precisamos questionar, com organização e civilidade. 

* Por Rodrigo Calvoso  
Fotos: Daniel Cruz - www.35mmcomunicacao.com

Comente com o Facebook: