30/05/2010

MAIS UMA VEZ




Às vezes eu mesmo não aguento mais me ouvir falando sobre a falta de segurança dos estádios e ginásios brasileiros e da maneira como esse tema vital é totalmente ignorado pelas autoridades. Todavia, vendo cenas absurdas de uma briga generalizada entre torcedores e atletas ao final de um jogo de basquete, percebo que ainda tenho muito que falar sobre isso.
Para quem não sabe o que aconteceu. Ao final do jogo (30/05) entre Flamengo e Universo Brasília, válido pelas finais do campeonato brasileiro, no ginásio Nilson Nelson em Brasília, a torcida local invadiu a quadra e arrumou uma confusão generalizada com os jogadores do Flamengo.
É inadmissível que centenas de torcedores estivessem na quadra, independente do que estavam fazendo. Mais uma vez a polícia se mostrou completamente despreparada e ineficiente para lidar com um tumulto em uma praça esportiva. Até quando seremos obrigados a presenciar cenas grotescas como essa? Por mais quanto tempo vou ter que falar em vão sobre segurança? Até quando a segurança dos torcedores e dos atletas será ignorada? Será que vai demorar muito até chegar o dia em que assistir um evento esportivo não seja uma aventura muito perigosa?
Todos sabemos que prevenção é a melhor solução para evitar tumultos como esse, mas, parece que aqui no Brasil a melhor política é a do cacetete e spray de pimenta. Espero que não seja necessário uma tragédia com muitas mortes para que tomem uma providencia. 
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20/05/2010

TELA MÁGICA


Certa vez fui assistir a um jogo de futebol na Alemanha, na cidade de Colônia, quando no intervalo percebo que nos gigantes talões do RheinEnergie Stadion uma garotinha dava uma entrevista animada que arrancava sorrisos dos rostos de todos os presentes no estádio. Pensei em se tratar de alguma celebridade infantil da TV local, mas para meu espanto a garotinha em questão era entrevistada, ao vivo, a pouco mais de 100 metros de distancia do meu assento e não se tratava de nenhuma celebridade, era sim mais um “anônimo” dando uma entrevista para TV do estádio.
Após a singela garotinha, muitos outros foram entrevistados no intervalo do jogo. Não eram celebridades mas todos faziam parte da programação do telão, que além das entrevistas, contava também com replay dos melhores momentos, recados de amor, mensagens para aniversariantes, jogos de perguntas, estatísticas do jogo, vídeos amadores enviados por torcedores, entrevistas com jogadores e até um torcedor todo uniformizado ensinando receita de um  bolo típico da região.
Toda a programação era intercalada por comerciais dos mais diversos produtos e serviços, que seguramente pagavam grandes quantias para anunciarem em um estádio lotado de fãs, no seu momento máximo de paixão.
Os telões são ferramentas fundamentais na estratégia de entretenimento dos estádios e arenas ao redor do mundo. Cada vez mais se busca a criação de conteúdo exclusivo, já existem diversas empresas especializadas na criação desse tipo de conteúdo, jogos da NBA por exemplo, são recheados de animações e estatísticas, em tempo real, nos telões.
Está se tornando habitual no Brasil, depararmos com telões de alta definição em estádios e ginásios, mas, infelizmente, o conteúdo ainda é muito pobre. Nossos gestores ainda não perceberam o poder de entretenimento e lucratividade que essa ferramenta possui, para se ter uma noção do quanto estamos atrasados no tema, chega-se ao cúmulo de existir uma portaria estadual que proíbe a veiculação de comercias nos telões do estádio do Maracanã, desta forma o clube fica alijado de uma grande fonte de receitas.
Torço para que esse panorama mude e que tenhamos muito mais conteúdo nos telões, do que simplesmente as imagens dos jogos e as escalações das equipes.
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13/05/2010

QUEM É O INIMIGO?


A política de segregação é comum em jogos de futebol. A principal medida de segurança da polícia é baseada no princípio de que torcedores rivais devem, ao máximo, evitar o contato uns com os outros.
Para tal objetivo muita das vezes é montada toda uma estratégia de guerra. Os ônibus de torcedores visitantes ficam retidos na estrada e passam por uma rigorosa revista, é feito uma escolta policial dos ônibus até a porta do estádio,  os torcedores são escoltados pelas ruas até estarem dentro do estádio, as ruas são fechadas para evitar o contato com os torcedores visitantes, a torcida visitante somente é liberada para entrar no estádio quando a partida já começou. 
Dentro do estádio normalmente a torcida visitante fica em lugar isolado por grades ou barreiras de policiais, locais esses que oferecem uma péssima qualidade de acentos, banheiros, visibilidade, lanchonetes e conforto. Ao final do jogo os torcedores são retidos, às vezes, até por mais de uma hora enquanto o estádio é esvaziado e toda a operação de  escolta é novamente montada até que se chegue a um local seguro.
Essa operação extremamente cara e trabalhosa serve somente para manchar cada vez mais a imagem do futebol e evitar conflitos, mas não eliminá-los. A política de separação aumenta ainda mais a rivalidade e o ódio entre torcedores de clubes diferentes, passa a sensação clara de que são inimigos e por isso devem estar separados e tratados como um grupo distinto.
Essa política embora pareça ser a única solução para conter a euforia dos torcedores e manter a paz nos estádios, apenas controla os sintomas da violência mas não os elimina. Esse sintomas, provavelmente, são até intensificados devido a toda essa segregação.
É comum vermos nos setores das cadeiras brancas e das cadeiras azuis do Maracanã duas torcidas coexistindo pacificamente sentadas lado a lado no mesmo setor, sem relatos de confusões. Nos esportes como o volei, o basquete, o futsal e outros  as duas torcidas também dividem os mesmos espaços e também não se tem registro de grandes problemas. O futebol é o único esporte onde a segregação é adotada como medida principal de segurança e como podemos ver não vem dando muito certo, na medida que o ódio entre torcidas só cresce e está cada vez maior.
Será que não chegou a hora de começarmos a rever esse conceito? Será que se todos fossem bem tratados e respeitados, não seria muito melhor? 
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11/05/2010

A CULPA É DA CULTURA?

Tragédia de Heysel - 39 torcedores morreram após confronto entre as torcidas da Juventus e Liverpool. A torcida do time inglês foi responsabilizada pelas mortes.

Nada me irrita mais do que colocar culpa na cultura do povo brasileiro para justificar a bagunça dos nossos estádios. Já ouvi de pessoas muito importantes do nosso futebol essa desculpa ridícula. Um dirigente de um grande clube chegou a me dizer que o torcedor brasileiro só vai ao estádio para brigar. 
Se a cultura é a desculpa, então vamos falar do país onde foram registrados os maiores números de brigas, homicídios e tragédias decorrentes de conflitos entre “torcedores” adversários. A Inglaterra.
Conhecido pelo nome de hooligans, os brigões ingleses foram responsáveis por grandes tragédias dentro de estádios de futebol. Heysel, Bradford e Hillsboroug são exemplos trágicos de como a falta de treinamento, segurança e organização podem tirar vidas.
Mas lá, na terra da rainha, os responsáveis pela a gestão do futebol não colocaram a culpa na cultura do povo e resolveram virar o jogo. Cansados de tantas confusões e mortes, os ingleses criaram o relatório Taylor no final dos anos 80, quando, após mais uma tragédia, 96 pessoas morrerem no estádio de Hillsboroug.
O relatório Taylor fez diversas recomendações relativas a segurança nos estádios de futebol. Foi o responsável por recomendar que, em todos os estádios ingleses houvessem apenas lugares sentados. Preocupações com as roletas, ingressos, barreiras, acessos, áreas de circulação, sala de controle e muitos outros itens de segurança, também constaram do relatório.
Muita coisa evoluiu após isso. Outros conceitos de entretenimento, conforto e segurança também foram adotados pelos estádios ingleses. As áreas corporativas e de hospitalidade  são hoje muito bem exploradas pelos clubes, os estádios são setorizados, com diferentes faixas de preços, policiais mal treinados foram substituídos por seguranças particulares especializados, a preocupação com o bem estar dos torcedores é enorme, hoje pode-se encontrar verdadeiras lojas, lanchonetes e restaurantes em quase todos estádios, o acesso aos estádios é muito mais fácil via transporte público, etc., etc., etc.
Ir a um jogo de futebol na Inglaterra deixou de ser uma aventura de extremo risco e passou a ser um programa seguro, confortável e inesquecível para toda a família. Com isso o torcedor de bem voltou a frequentar os estádios e os clubes viram as suas receitas oriundas das praças esportivas multiplicarem exponencialmente e se tornarem fundamentais para a boa saúde financeira deles. A cultura mudou e todo mundo saiu ganhando.
Um dos princípios dessa transformação partiu de mudança de tratamento ao torcedor. Trate-o como animal e animalizado que ele ficará, trate-o com conforto e segurança e você terá não um torcedor, mais um consumidor fiel.
Desafio a todos os estádios do país a mudarem o tratamento ao torcedor e a oferecer a estes serviços de muito melhor qualidade, para verem como terão muito menos confusões, muito menos conflitos e receitas absurdamente crescentes.
Todas essas mudanças dão muito trabalho e são muito mais difíceis de serem aplicadas do que ficar colocando a culpa na cultura do povo. Para finalizar gostaria apenas de lembrar que o povo brasileiro também tinha a cultura de dirigir sem o cinto de segurança, de fumar em locais fechados, de beber e dirigir, de não reclamar seus direitos de consumidor, ....
Acredito que já passou a hora para pararmos de colocar culpa em algo e começarmos a nossa transformação, mesmo que tardia.
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06/05/2010

ESTÁDIO DAS LARANJEIRAS


Dizem que o Brasil não tem memória.  Apesar de não querer acreditar nisso, às vezes me dou por vencido. Por exemplo, vocês sabem qual o foi o primeiro estádio de futebol, de grande porte, do país?
Pois foi o estádio Manuel Schwartz, popularmente conhecido como Estádio das Laranjeiras, pertencente ao Fluminense Football Club. A história desse espaço se confunde com a própria história do futebol brasileiro.
Com certeza, muitos não imaginam que um lugar tão conhecido e popular, seja tão  maravilhosamente rico de histórias e de tradições. Mesmo antes de existirem as grandes arquibancadas, a seleção brasileira fez o seu primeiro jogo e o primeiro gol da sua história no gramado das Laranjeiras, venceu o Exeter City, da Inglaterra, por 2 x 0.
A primeira conquista do seleção também ocorreu no estádio das Laranjeiras, em 1919, quando o Brasil sagrou-se campeão do Sul-americano. O segundo título ocorreu em 1922, no mesmo palco, com o bi-campeonato Sul-americano.
O Estádio foi construído para receber 18.000 pessoas, por ocasião do Campeonato Sul-americano de 1919. Em 1922 passou por uma reforma e ganhou um anel superior nas arquibancadas, aumentando assim a sua capacidade para 25.000 pessoas. No ano de 1961 parte da área do estádio foi desapropriada para a ampliação da Rua Pinheiro Machado.
É uma pena que um lugar que poderia ser chamado de a maternidade do futebol brasileiro, esteja em estado de degradação e que um terreno maravilhoso seja tão pouco usado por um clube que sofre com grandes dívidas.
Por conhecer bem o local, seu terreno e suas cercanias, acredito que qualquer projeto de reforma do estádio das Laranjeiras, visando que o mesmo volte a receber jogos de futebol masculino profissional seja quase impossível de ser colocado em prática. Todos os modernos conceitos de conforto, segurança, comodidade, entretenimento, etc., não são possíveis de serem aplicados em um espaço tão apertado e rodeado de prédios e de  residências.
Conhecendo de perto as dificuldades financeiras do clube, espero, sinceramente, que a próxima administração do clube transforme a área em um espaço rentável e que preserve toda a história do local em um belo museu.








fotos - flumania.com.br
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04/05/2010

PARA QUE SERVEM OS PRAZOS?


Foi só o Brasil tomar uma “chamada” internacional, ao vivo e sem cortes, que alguns amigos meus estrangeiros me enviaram e-mails perguntando o que está acontecendo aqui.

Tento explicar o inexplicável. Falo de burocracia, licitações, obras embargadas e até de falta de dinheiro.
- Como assim? Um estádio se candidata para ser sede de uma Copa do Mundo e não tem dinheiro para levantar o projeto? 
A princípio a FIFA tinha estipulado o prazo de janeiro de 2010 para o início das obras, mas a data passou e nada foi feito. Depois foi estipulado uma nova data, março de 2010 e março chegou,  mais uma vez as obras ainda não tinham se iniciado. Após uma carta dura, enviada pelo Ricardo Teixeira a todas as cidades sedes, um terceiro prazo foi definido, maio de 2010 e foi dado um ultimato, mas, por incrível que pareça, a terceira data passou e quase nenhuma obra começou até então.
Parece que estamos há décadas do evento, tamanha é a lentidão das obras, até as declaradas iniciadas o ritmo é de tartaruga. Nenhuma construção pesada começou,  o que vemos é um desrespeito total aos papéis assinados e aos prazos estipulados pela entidade máxima do futebol.
A data final para a entrega dos estádios novos é dezembro de 2012, todos os responsáveis afirmam categoricamente que essa data será respeitada. Mas se levarmos em consideração os quase 4 anos que foram necessários para a construção do Engenhão, no Rio de Janeiro (último grande estádio construído no país), percebemos que a mão de obra brasileira vai ter que ser muito mais eficiente e rápida.
O prazo de dois anos para a construção de um estádio, padrão copa do mundo, é curtíssimo, requer um trabalho intensivo, sem paralisações e  grandes imprevistos. Esse prazo pode ser ainda mais apertado quando falamos de toda a infra estrutura necessária para o evento. Sistema de transportes, aeroportos, novas rodovias, investimentos em segurança, rede hoteleira, melhorias nos entornos dos estádios, etc.
Só de pensar que faltam apenas 3 anos para a Copa das Confederações já sinto até calafrios.

Espero e torço para que o Brasil não pague um "mico"  internacional sem precedentes na história.

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