26/08/2015

SONHO BRASILEIRO NO UFC


Na última vez que estive no Brasil conversei com meu mestre André Pederneiras, o Dedé, reconhecido mundialmente como um dos melhores técnicos de MMA da atualidade. Perguntei se seria possível conseguir um ingresso quando o José Aldo ou o Renan Barão fossem lutar no UFC. Ele me disse que o Aldo já estava devendo ingressos para patrocinadores, mas para a luta do Barão seria mais fácil de conseguir.

Uma semana antes do UFC em Chicago entrei em contato com Dedé, pelo celular, perguntando se seria possível conseguir o ingresso para a luta do Renan Barão. Dedé me informou que ainda estava no Brasil e desta forma não teria como garantir que ele teria ingresso disponível quando chegasse nos Estados Unidos. Dois dias depois, já em solo Americano, Dedé me retornou dizendo que estava com o meu ingresso na mão.

Não poderia deixar passar uma oportunidade única de assistir ao vivo, de graça, o maior evento de MMA do planeta, ainda rever meu professor e torcer para um amigo de academia recuperar o cinturão para o Brasil.

Comecei a planejar a longa viagem, da minha casa até Chicago demora cerca de 6 horas, de carro. Então combinei com um amigo que mora em Indianápolis, mais ou menos metade do caminho, de fazer uma visita. Desta forma rumei para o UFC Chicago e como planejado, no meio do percurso, parei para pegar uma piscina e dormir na casa do meu amigo na véspera da grande luta.

Sábado acordei cedo e disposto, parecia o indício de um final de semana perfeito. Chegando em Chicago fui direto ao Hard Rock Hotel encontrar meu mestre, Dedé. Subindo no quarto do hotel fui recepcionado por velhos amigos e o staff do Renan Barão, estavam presentes além do próprio Renan Barão e do Dedé, o Jair Lourenço (o outro treinador do Barão), o preparador físico do atleta, um outro amigo e a reporter de MMA do Canal Combate, Ana Hissa.

A confiança de todos era grande, Renan havia batido o peso no dia anterior e estava super preparado para a luta. Depois de um bate papo animado fomos todos almoçar em um restaurante próximo ao hotel. O que era para ser um almoço rápido acabou demorando um pouco mais do que o previsto devido ao grande número de fãs que se aproximavam do lutador com incansáveis pedidos de fotos e autógrafos.

Após o almoço voltamos para o hotel para descansar, afinal de contas aquela seria uma noite longa. Por ser o evento principal do card a luta do Renan Barão seria a última noite. Porém eu tinha outros planos, já com o ingresso, que me dava direito a assistir todas as lutas, em mãos me despedi de todos e fui para o ginásio, United Center, onde em instantes começariam as lutas preliminaries do evento.

De fato cheguei muito cedo, consegui até parar o carro em um estacionamento gratuito com vagas limitadas oferecidas aos primeiros clientes. Ao lado do United Center foi montada uma “feira” do UFC, chamada de Fan Village. Como ainda tinha bastante tempo livre pude desfrutar daquele templo do entretenimento para qualquer fã das artes marciais. Havia show de motos Harley Davidson, quiosques para tirar fotos com as famosas ring girls do UFC, local para  tirar foto com uma replica do cinturão, além de fila para autógrafos com lutadores da organização como o Stipe Miocic, que já enfrentou o brasileiro Junior Cigano.


Finalmente era chegada a hora de entrar no United Center, famoso ginásio do time de basquete Chicago Bulls, mas antes de entrar fiz questão de dar uma volta completa ao redor do ginásio para tirar fotos em frente a estátua do lendário Michael Jordan. Após a sessão de fotos na estátua entrei pelo portão principal do United Center e ainda tive a oportunidade de ver o busto de outro ídolo do basquete local, Scottie Pippen, fiel escudeiro de Jordan nos anos 90. Fiz mais uma pausa para fotos.



Já no final da segunda luta da noite cheguei no meu assento e pude comprovar o impressionante desinteresse dos Americanos para lutas preliminaries, o publico só chega em massa mesmo para as lutas principais.

Para minha surpresa o meu ingresso dava direito a uma cadeira praticamente ao lado do octógono, talvez o melhor assento de todo o ginásio. Imaginei que aquele ingresso devia custar uma fortuna e comecei a me sentir um privilegiado. Aos poucos o público começou a chegar, percebi a presença de inúmeros lutadores do UFC como Ben Rothwell que sentou em uma cadeira a três fileiras atrás de mim e o ex campeão Matt Hughes que sentou na mesma fileira que eu.  Aproveitei para tirar fotos com Bruce Buffer, Herb Dean e Dana White, atual presidente do UFC. Muitas pessoas faziam filas para tirar fotos com eles e com outros ilustres desconhecidos, pelo menos para mim, que estavam sentados ao meu lado, provavelmente eram jogadores de Futebol Americano ou Baseball que eu não conhecia.



Começou o card principal e o ginásio ficou cheio, mas não lotado. O público era todo em favor dos lutadores Americanos, como não poderia deixar de ser. Na luta principal Renan Barão começou bem, mas inexplicavelmente acabou cansando e foi derrotado pelo atual campeão, peso galo, TJ Dillashaw no quarto assalto. Fiquei muito triste e saí cabisbaixo do ginásio. Aproveitei para dar uma volta de carro pela cidade para espairecer a cabeça.

Na volta para o hotel presenciei inúmeros lutadores do saguão como o ex campeão Anthony Pettis. No elevador subi conversando com o atual campeão Daniel Courmier, muito simpático.  Aproveitei a oportunidade pra tirar uma foto com ele. Na verdade eu já tinha planejado tirar uma foto ao lado de um atual campeão do UFC, mas esperava mesmo  que fosse o Renan Barão após a conquista do tão sonhado cinturão.

Fui para o quarto que meu mestre Dedé estava e encontrei todos muito abatidos. Perguntei o que devia ter acontecido para o Renan cansar tanto na luta. Será que a preparação física foi equivocada? Será que ele ficou abalado psicologicamente devido a derrota para esse mesmo lutador ano passado?  Será que a perda de peso foi muito brutal? Várias perguntas sem resposta no momento para serem resolvidas posteriormente.

Conversamos muito antes de dormir. Renan machucado e abatido não conversou tanto, estava em outro quarto. O resultado não foi o esperado, mas o aprendizado foi válido, o Barão é um lutador ainda novo,com enorme potencial e com certeza irá dar a volta por cima.  No dia seguinte, tomamos um café no Starbucks e recebi de presente do meu mestre o agasalho da Reebook utilizado, pelo lutador, um dia antes da luta.


Hora de voltar para casa, mais 6 horas de viagem, dessa vez sem pausa. Posso afirmar que foi uma experiência única. Depois de momentos como esse me pergunto por que não me tornei um lutador profissional. Pelo menos nesse final de semana pude sonhar um pouco acordado.



                                                                                                                                                * Relato do leitor Eduardo Barros

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