Uma semana antes
do UFC em Chicago entrei em contato com Dedé, pelo celular, perguntando se
seria possível conseguir o ingresso para a luta do Renan Barão. Dedé me
informou que ainda estava no Brasil e desta forma não teria como garantir que
ele teria ingresso disponível quando chegasse nos Estados Unidos. Dois dias
depois, já em solo Americano, Dedé me retornou dizendo que estava com o meu
ingresso na mão.
Não poderia
deixar passar uma oportunidade única de assistir ao vivo, de graça, o maior
evento de MMA do planeta, ainda rever meu professor e torcer para um amigo de
academia recuperar o cinturão para o Brasil.
Comecei a
planejar a longa viagem, da minha casa até Chicago demora cerca de 6 horas, de
carro. Então combinei com um amigo que mora em Indianápolis, mais ou menos
metade do caminho, de fazer uma visita. Desta forma rumei para o UFC Chicago e
como planejado, no meio do percurso, parei para pegar uma piscina e dormir na
casa do meu amigo na véspera da grande luta.
Sábado acordei
cedo e disposto, parecia o indício de um final de semana perfeito. Chegando em
Chicago fui direto ao Hard Rock Hotel encontrar meu mestre, Dedé. Subindo no
quarto do hotel fui recepcionado por velhos amigos e o staff do Renan Barão, estavam
presentes além do próprio Renan Barão e do Dedé, o Jair Lourenço (o outro
treinador do Barão), o preparador físico do atleta, um outro amigo e a reporter
de MMA do Canal Combate, Ana Hissa.
A confiança de
todos era grande, Renan havia batido o peso no dia anterior e estava super
preparado para a luta. Depois de um bate papo animado fomos todos almoçar em um
restaurante próximo ao hotel. O que era para ser um almoço rápido acabou
demorando um pouco mais do que o previsto devido ao grande número de fãs que se
aproximavam do lutador com incansáveis pedidos de fotos e autógrafos.
Após o almoço
voltamos para o hotel para descansar, afinal de contas aquela seria uma noite
longa. Por ser o evento principal do card a luta do Renan Barão seria a última
noite. Porém eu tinha outros planos, já com o ingresso, que me dava direito a assistir
todas as lutas, em mãos me despedi de todos e fui para o ginásio, United
Center, onde em instantes começariam as lutas preliminaries do evento.
De fato cheguei muito
cedo, consegui até parar o carro em um estacionamento gratuito com vagas
limitadas oferecidas aos primeiros clientes. Ao lado do United Center foi
montada uma “feira” do UFC, chamada de Fan Village. Como ainda tinha bastante
tempo livre pude desfrutar daquele templo do entretenimento para qualquer fã
das artes marciais. Havia show de motos Harley Davidson, quiosques para tirar
fotos com as famosas ring girls do UFC, local para tirar foto com uma replica do cinturão, além
de fila para autógrafos com lutadores da organização como o Stipe Miocic, que
já enfrentou o brasileiro Junior Cigano.
Finalmente era chegada
a hora de entrar no United Center, famoso ginásio do time de basquete Chicago Bulls,
mas antes de entrar fiz questão de dar uma volta completa ao redor do ginásio
para tirar fotos em frente a estátua do lendário Michael Jordan. Após a sessão
de fotos na estátua entrei pelo portão principal do United Center e ainda tive
a oportunidade de ver o busto de outro ídolo do basquete local, Scottie
Pippen, fiel escudeiro de Jordan nos anos 90. Fiz mais uma pausa
para fotos.
Já no final da segunda luta da noite cheguei
no meu assento e pude comprovar o impressionante desinteresse dos Americanos para
lutas preliminaries, o publico só chega em massa mesmo para as lutas
principais.
Para minha
surpresa o meu ingresso dava direito a uma cadeira praticamente ao lado do octógono,
talvez o melhor assento de todo o ginásio. Imaginei que aquele ingresso devia
custar uma fortuna e comecei a me sentir um privilegiado. Aos poucos o público
começou a chegar, percebi a presença de inúmeros lutadores do UFC como Ben
Rothwell que sentou em uma cadeira a três fileiras atrás de mim e o ex campeão
Matt Hughes que sentou na mesma fileira que eu. Aproveitei para tirar fotos com Bruce Buffer, Herb
Dean e Dana White, atual presidente do UFC. Muitas pessoas faziam filas para
tirar fotos com eles e com outros ilustres desconhecidos, pelo menos para mim,
que estavam sentados ao meu lado, provavelmente eram jogadores de Futebol
Americano ou Baseball que eu não conhecia.
Começou o card
principal e o ginásio ficou cheio, mas não lotado. O público era todo em favor
dos lutadores Americanos, como não poderia deixar de ser. Na luta principal
Renan Barão começou bem, mas inexplicavelmente acabou cansando e foi derrotado
pelo atual campeão, peso galo, TJ Dillashaw no quarto assalto. Fiquei muito
triste e saí cabisbaixo do ginásio. Aproveitei para dar uma volta de carro pela
cidade para espairecer a cabeça.
Na volta para o
hotel presenciei inúmeros lutadores do saguão como o ex campeão Anthony Pettis.
No elevador subi conversando com o atual campeão Daniel Courmier, muito
simpático. Aproveitei a oportunidade pra
tirar uma foto com ele. Na verdade eu já tinha planejado tirar uma foto ao lado
de um atual campeão do UFC, mas esperava mesmo que fosse o Renan Barão após a conquista do tão
sonhado cinturão.
Fui para o quarto
que meu mestre Dedé estava e encontrei todos muito abatidos. Perguntei o que
devia ter acontecido para o Renan cansar tanto na luta. Será que a preparação
física foi equivocada? Será que ele ficou abalado psicologicamente devido a
derrota para esse mesmo lutador ano passado?
Será que a perda de peso foi muito brutal? Várias perguntas sem resposta
no momento para serem resolvidas posteriormente.
Conversamos muito
antes de dormir. Renan machucado e abatido não conversou tanto, estava em outro
quarto. O resultado não foi o esperado, mas o aprendizado foi válido, o Barão é
um lutador ainda novo,com enorme potencial e com certeza irá dar a volta por
cima. No dia seguinte, tomamos um café
no Starbucks e recebi de presente do meu mestre o agasalho da Reebook utilizado,
pelo lutador, um dia antes da luta.
Hora de voltar
para casa, mais 6 horas de viagem, dessa vez sem pausa. Posso afirmar que foi
uma experiência única. Depois de momentos como esse me pergunto por que não me
tornei um lutador profissional. Pelo menos nesse final de semana pude sonhar um
pouco acordado.
* Relato do leitor Eduardo Barros
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