Desde o fim do ano passado até o presente momento uma
discussão tem ganhado destaque no cenário esportivo nacional, a adaptação dos
brasileiros as novas arenas esportivas, os benefícios e dificuldades que os
frequentadores encontrarão para torcer por seus times.
Modelos de negócios e custos de obras a parte, tendo em
vista que o objetivo desta matéria não é discutir quem deve ficar com a gestão
das arenas, é inegável que a construção destas arenas representa um grande
avanço para o futebol brasileiro, podendo representar a profissionalização do
futebol brasileiro, porém alguns cuidados e observações se fazem necessários
para que não descaracterizemos o futebol brasileiro.
Começo por um ponto que talvez seja o mais polêmico hoje em
dia, o custo dos ingressos e a obrigatoriedade de assentos em todos os setores,
muitos dizem que com estas medidas estamos desfigurando o jeito brasileiro de
torcer e copiando os europeus, bem como o aumento substancial do valor de
tickets representa a cópia fiel do modelo implementado no Velho Continente.
Concordo em parte com tal afirmação, porém há que se
destacar que poderíamos adotar algumas medidas para equilibrar tal equação
proporcionando desenvolvimento econômico e preservação cultural da torcida
brasileira. Prática muito comum no festejado futebol alemão é a setorização no
interior da arena, que permite aos menos abastados assistir aos jogos num local
de preços populares, onde não existem assentos e pode-se ficar em pé, sendo por
exemplo este setor o da muralha amarela do Borussia Dortmund no Iduna Park, que
encantou o mundo a algumas semanas atrás com seu mosaico em 3D. Com esta
simples mudança, poderíamos criar setores atrás dos gols onde os valores seriam
inferiores a preservaríamos a cultura de torcer em pé, e, quando a competição
não permitir por regulamento este tipo de ação, casos da champions league e
competições FIFA os assentos seriam recolocados, o que ocorre no mesmo Iduna
Park.
Mesmo nos setores mais luxuosos, os valores poderiam ser
inferiores caso os clubes tivessem participação nas receitas de match day e
outros eventos esportivos ou não, que a arena abrigar, o que não está
acontecendo atualmente, concordo que os clubes brasileiros não tem condições de
gerir tais empreendimentos, bem como muitas destas obras foram custeadas com
capital privado de construtoras que precisam recuperar seus investimentos.
Porém, um modelo de divisão de receitas total iria atender todos os interesses,
pois os clubes não iriam depender exclusivamente de bilheteria, e poderiam
baratear o custo dos mesmos, tendo em vista que teriam participação em todas as
receitas geradas no dia de jogo, como estacionamentos, bares, restaurantes,
hospitalidade e etc. Além disso, embora dividindo os lucros com os clubes os
gestores teriam casa cheia toda semana, o que garantiria uma arrecadação maior.
*Por Mario Bini
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