A Deloitte publicou recentemente a décima terceira edição do estudo anual, feito sobre as receitas dos principais clubes do mundo. A análise foi feita com base no faturamento dos clubes na temporada 2008/2009. A lista com os 20 clubes mais ricos do planeta é encabeçada pelos espanhóis Real Madrid e Barcelona e apenas times das 5 maiores ligas compõem a lista.
Para efeito de análise a empresa dividiu as receitas dos clubes em 3 categorias: Broadcasting - receitas oriundas dos direitos de transmissão, tanto de competições domésticas como internacionais; Commercial - receitas advindas de patrocínios e venda de produtos; Matchday - composta na sua grande maioria por receitas oriundas das vendas de ingressos para os jogos, incluindo carnês da temporada e sócios e também o consumo dos torcedores no estádio.
Com esse estudo fica muito fácil perceber como as receitas de matchday são fundamentais para a boa saúde econômica dos clubes. A criação de uma categoria somente para esse tipo de receita, mostra como a administração dos estádios e o bem estar do torcedor é encarado de uma forma profissional e séria pelos principais clubes do mundo, senão vejamos:
Não por coincidência, quem mais faturou no mundo, com receitas de matchday (vindas do seu estádio) foi o Manchester United, o clube inglês faturou 127,7 milhões de euros. Se dividirmos esse valor pelos 30 jogos que o United fez em casa, significa dizer que o faturamento foi de 4,3 milhões de Euros (mais de 10 milhões de Reais) por jogo, no Old Trafford.
O segundo clube na lista de faturamento por receitas de matchday é o também inglês Arsenal, com o seu moderníssimo Emirates Stadium, que mesmo ficando atrás do Manchester apresenta também números de impressionar, 117,5 milhões de Euros. Logo atrás nessas receitas estão o Real Madrid com €101,4 milhões, o Barcelona com €95,5 milhões e o Chelsea com €87,4 milhões.
Segundo a Delloite, o bom desempenho dos clubes ingleses se dá devido a atratividade do campeonato, a lealdade dos torcedores e a transformação dos estádios, desde o início da década de 90, em maravilhosos espaços com amplas áreas de hospitalidade visando o torcedor social e corporativo (falei sobre isso no post: SOCIAL). Ainda de acordo com o relatório, os clubes da liga inglesa tem 40% do seu faturamento de matchday oriundos dessas novas áreas.
No Brasil o ponto que está mais atrasado em relação ao futebol europeu é exatamente a maneira como é encarada a gestão dos estádios, sem um foco de gestão específico para o mesmo. As receitas de bilheteria (assim chamada porque muitos clubes não ganham nada além do que parte da bilheteria) são irrisórias no montante total do faturamento dos clubes. É uma pena que os gestores do nosso futebol não vislumbrem o retorno que pode dar uma boa gestão de um estádio. Os estádios são velhos, inseguros, não possuem espaços corporativos, nem restaurantes ou lanchonetes decentes, na sua esmagadora maioria os estádios ainda são deficitários, etc.
Sei que não podemos comparar as economias de Brasil e Inglaterra, mas o impressionante faturamento de mais de 10 milhões de Reais, por jogo, do Manchester United me traz uma reflexão. Será que uma gestão profissional e específica para os estádios não poderia vir a ser a salvação do futebol brasileiro?
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