16/03/2010

OS MESMOS PROBLEMAS

Imaginem vocês um lugar onde os estádios são antigos, inseguros, sujos, as áreas corporativas e de hospitalidade são muito mal trabalhadas e as brigas entre “torcidas” organizadas são constantes. É lógico que estamos falando do Brasil,  pois errou, estamos falando da Itália e esses são os problemas que mais afugentam os torcedores italianos dos seus estádios. Temos aí uma prova cabal de que a presença de craques de primeira grandeza mundial e um campeonato competitivo, não são suficientes para atrair público para assistir os jogos ao vivo.
Os times italianos, apesar de serem considerados gigantes mundiais, apresentam ganhos muito baixo advindos dos seus estádios, o que prejudica muito o total de arrecadação. Os melhores clubes da Itália aparecem somente na oitava, nona e décima posições na lista dos 20 clubes com maior faturamento do mundo na temporada 2008/2009, em um estudo anual publicado pela Delloite. De acordo com a publicação, se os clubes italianos não melhorarem urgentemente as receitas de matchday (oriundas dos estádios nos dias de jogos), eles terão dificuldades de se manterem na lista dos maiores do mundo.
Para efeito de comparação o Newcastle United, que foi rebaixado na temporada 2008/2009, faturou em receitas de matchday €34 milhões, ficando a frente de todos os clubes italianos, que apresentaram os seguintes faturamento: AC Milan €33,4 milhões; Internazionale €28,2 milhões; AS Roma €18,8 e Juventus €16,7 milhões (vide post: MATCHDAY, onde falei sobre o bom desempenho dos clubes ingleses). 
Outro grande problema que se assemelha aos nossos, diz respeito a baixa taxa de ocupação dos estádios italianos. Na lista da Delloite, os italianos aparecem com os piores resultados também nesse quesito.
Os clubes da Itália jogam as principais competições do continente e tem grandes jogadores, mas por não trabalharem bem os seus estádios sofrem com as baixas médias de público. Gigantes como Roma, Milan e Internazionale obtiveram taxas de ocupação dos seus estádios de apenas 50%, 52% e 66% respectivamente, na temporada 2009/2010 (análise feita até 20 de janeiro de 2010).
Mas os italianos já estão se mexendo. A Juventus está construindo um novo estádio, com previsão de inauguração em 2011 (post: DESIGN ITALIANO), a Roma, Fiorentina e até a Internazionale, que joga no mítico Giuseppe Meazza, tem projetos de construção de novos estádios. A federação de futebol do país, depois de ter perdido a disputa para sediar a Euro 2012 para Ucrânia-Polónia, já oficializou a candidatura para receber a Euro 2016. A competição servirá principalmente para reformar os estádios do país, como declarou o presidente de federação, Giancarlo Abete: “A Euro 2016 representa uma oportunidade histórica para transformar a qualidade, segurança e ambiência dos estádios italianos.”
Como podemos perceber, os problemas dos estádios italianos são muito parecidos com os nossos, mas lá esses problemas já foram detectados e vemos que eles caminham para a transformação. Quando será que os gestores do nosso futebol vão perceber a importância dos estádios? Mas uma vez volta a reflexão do post anterior. Será que uma gestão profissional e específica para os estádios não poderia vir a ser a salvação do futebol brasileiro? 



Foto do banheiro do estádio Giuseppe Meazza, onde jogam AC Milan e Internazionale.

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