O episódio ocorrido nesta semana na Vila Belmiro, quando a
ambulância não pôde entrar no gramado do estádio para socorrer o atleta Rafael
Marques, mostra o quanto nossas arenas esportivas ainda estão atrasadas,
principalmente no quesito segurança.
De acordo com os principais manuais de segurança em estádios
no mundo, o campo de jogo é o principal refúgio para o atendimento a vitimas de
grandes incidentes e fuga de rota de tumultos. Com o impedimento da entrada do
veículo neste local, já eliminamos de cara o primeiro item dessa recomendação.
Por sorte o acidente envolvendo o atleta não foi tão grave,
porém vamos imaginar que o mesmo exigisse urgência para a remoção para um
hospital. Ou então se houvesse uma ocorrência nas arquibancadas onde diversos
torcedores fossem levados para o gramado. Como seria realizada essa operação?
A instalação de diferença de nível é indicada para áreas de
embarque e desembarque de equipamentos, principalmente para shows e eventos, o
que representa um significativo ganho de tempo, pois os caminhões se posicionam
de costas com o material que será transportado. Porém o único acesso criado na
Vila Belmiro não era uma coisa nem outra, pois da maneira com foi colocada, a
entrada apresentava degraus que impedem tanto a operação de carga e descarga
como a chegada de veículos de emergência.
Pior do que o fato ter acontecido, foi ouvir declarações de
integrantes da diretoria do clube afirmando desconhecerem a necessidade da
criação de acessos de veículos ao gramado, o que comprova como o mercado ainda
carece da falta de profissionais especializados na gestão de arenas. Da mesma forma, em comunicado oficial o clube
afirmou que o estádio passa por vistorias anuais, o que também comprova que as
mesmas precisam ter seus critérios revistos. Após o fato ter acontecido não
adianta o surgimento de procuradores indignados prometendo diversas ações para
interditar o estádio. O que realmente precisa ser feito é um investimento
pesado na profissionalização das gestões das arenas para que se evitem casos
como esses e tantos outros. Hoje se pensa muito na criação de espaços vips e
áreas rentáveis nas praças esportivas, o que é certo e de acordo com a direção
do clube foi a causa desse problema. Entretanto adaptações devem sempre zelar, principalmente,
pela segurança e a qualidade do evento ali realizado.
Se na Vila Belmiro, estádio que pertence a um das
instituições esportivas mais importantes do Brasil, aconteceu um erro tão grave
como esse, o que podemos imaginar o que ocorre em praças de menos divulgação?
* Por Rodrigo Calvoso
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