25/01/2016

O FUTEBOL BRASILEIRO PRECISA MUDAR



Semana passando conversando com um amigo me vi diante de uma pergunta que acabou virando o tema da coluna: Se o Brasileiro gosta tanto de futebol, por que não temos estádios lotados todas as semanas?

Se essa pergunta for feita a cinco pessoas, possivelmente teremos 5 respostas diferentes: ingressos caros, acessibilidade ruim, baixa qualidade de jogos, segurança e calendário são algumas das respostas mais frequentes, e quer saber, todas estão corretos pois cada um deixa de ir ao estádio por um motivo, menos por que deixou de gostar de futebol, conclusão, tem muita coisa errada na gestão do futebol brasileiro.

A boa notícia é que da para mudar, a Alemanha, sempre ela, fez isso no início dos anos 2000 e o resultado todos sabem, 7 x 1, Bayern x Dortmund na final da Champions, país com maior número de clubes disputando o mesmo torneio, taxa de ocupação dos estádios acima de 90% e a fábrica de craques como Goetze, Muller, Schweinsteiger, Khedira, Kroos e Ozil são alguns dos resultados obtidos em pouco mais de 10 anos de análise e implementação de um modelo profissional de gestão no futebol.

Voltando ao tema de hoje, vejo que as primeiras mudanças para ter estádios cheios nesse momento, são a reformulação da estrutura e do calendário.

A CBF deve cuidar somente dos interesses da Seleção e contratos relacionados a ela, para organizar competições nacionais os clubes deve ser criada uma liga que além da organização do calendário terá dois grandes business:

1) Comercial: Negociar em bloco todos os contratos como direitos de transmissão, Naming Right das competições e patrocínios. As receitas deverão ser distribuídas na proporção previamente estabelecida com os clubes

2) Fiscalização: Além de fiscalizar severamente com auditoria sobre o ano fiscal dos clubes e adequação ao Profut, deve ser elaborado um conjunto de requisitos como investimentos estruturais na base e capacitação de treinadores que deverão ser auditados anualmente, em caso de descumprimento devem haver punições rigorosas, como rebaixamento.

A liga não deve ter fins lucrativos, sendo permitido a ela uma pequena reserva financeira após cobrir seus custos operacionais, todavia antes dessa liga comercializar competições e auditar o exercício fiscal dos clubes, o produto futebol deve ser melhorado para atrair interesse dos torcedores e do mercado, atualmente ele é péssimo, com poucos jogos atrativo.

Na minha opinião os grandes vilões não são os Estaduais, mas sim a forma de disputa deles, a Primeira Liga, com poucas datas será um torneio bem mais atraente. Não estou sugerindo o fim dos estaduais acho que eles fazem parte da cultura nacional, mas sua fórmula de disputa deve ser alterada. Deve haver uma primeira fase disputada somente pelos clubes que estão fora das competições nacionais, e os classificados encontram-se em torneio mata-mata com os grande times até a grande final. Desta forma, damos possibilidade de clubes que atualmente operam de 4 à 6 meses por ano de ter vida ao longo da temporada, e aumentamos o interesse dos clubes grandes e torcedores para um torneio curto e emocionante. Além disso, outros ganhos desta alteração, são a redução do número de jogos, e a possibilidade de adequação ao calendário internacional da FIFA. Essa simples medida gera benefícios que poderão ser rapidamente percebidos como a redução de lesões, fim dos desfalques por conta das datas FIFA, redução de jogos deficitários, aumento da taxa de ocupação. Acredito que o Brasileirão e a Copa do Brasil já possuem formatos bons e consolidados, não havendo necessidade de altera-los.

Sem implementar essas duas mudanças (Liga e calendário),não consigo enxergar como tornar o produto futebol atraente coletivamente, acredito sim que alguns clubes despontarão pois já tem administrações profissionais, e a tendência é que se tornem a grande maioria, mas quando seu progresso atingir diretamente outros interesses serão coagidos, dificultando assim esse processo, por isso a necessidade de realizar uma profunda mudança de forma coletiva.

*por Mario Bini

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