27/01/2016

SERÁ ESSE O PAPEL DO GOVERNO?


Alguns anos atrás o Banco BMG inundou o futebol com as 3 letrinhas laranja em 39 clubes do futebol brasileiro, processo que se repete nesse momento em menor escala com a Caixa Econômica Federal, que atualmente patrocina boa parte dos clubes da série A do Campeonato Brasileiro, até aí problema algum, não fosse o Banco uma instituição pública Federal injetando vultuosas quantias no futebol em momento de grave crise financeira no País.

Motivo de orgulho de nossa Presidente a presença significativa da Caixa no futebol nacional foi tema de um discurso muito revelador “Com os recursos obtidos, tenho certeza de que vão trabalhar para garantir a qualidade do nosso futebol. Como mineira, vejo com satisfação que os dois maiores clubes de Minas Gerais entraram nesse grupo. Dou as boas-vindas ao Cruzeiro e ao meu querido Atlético, que passam a contar a partir deste ano com patrocínio da Caixa”.

Com todo respeito a nossa Presidente, não entendo como objetivo da CEF fomentar o desenvolvimento do futebol, ainda mais num momento de grave crise, não vejo problema de um banco patrocinar futebol, ou qualquer esporte, desde que se tenha uma estratégia envolvida como fez o BMG alguns anos atrás, seu objetivo era claro, após a penetração atingida pelo crédito consignado faltava dar conhecimento ao grande público da marca, e o futebol foi o meio acertadamente escolhido para esse objetivo. Resultado alcançado, muito obrigado e o banco se retirou do mercado.

A Caixa que até agora não se posicionou para apresentar as justificativas de estar investindo 85M de dinheiro público no futebol, e caso o objetivo do governo seja fomentar o esporte, seria mais produtivo seguir o exemplo de Angela Merkel e da Alemanha que se mobilizaram para criar uma estrutura que permite desenvolvimento sólido a longo prazo, e não uma ajuda momentânea que quando cessada trará sérios problemas, já imaginou 10 clubes em busca de patrocínio ao mesmo tempo? Complicado né...

Tal medida se assemelha a estatização das transmissões de futebol na Tv aberta adotada pela nossa vizinha Cristina Kishner, ex-presidente da Argentina, atitude sem nenhum sentido, tendo em vista que essa atividade é altamente lucrativa no mercado corporativo em todo mundo. O chamado “fútbol para Todos”, mais conhecido como populismo esportivo, ampliou o alcance para a população do interior que não tinha acesso a TV à cabo, mas representa um investimento que não se justifica num momento de crise, ainda mais por que foi rejeitada a publicidade privada, restando somente propaganda governamental durante as exibições.

Sem estratégia e objetivos, considero o investimento significativo de uma instituição pública no futebol da forma como vem sendo feita um retrocesso a profissionalização do esporte, existem diversas outras forma de o governo colaborar com o desenvolvimento que serão mais efetivas para a consolidação deste mercado a longo prazo, enquanto isso mais um gol da Alemanha.

*Por Mario Bini

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