A entrevista coletiva geralmente é o momento de glória ou de
muita dor de cabeça, entretanto a estrutura oferecida aos atletas e técnicos
influencia diretamente no desempenho desses personagens, que muitas vezes não
recebem preparo para participarem deste tenso momento.
Recentemente, após o controverso clássico entre Santos e
Corinthians, o técnico Tite concedeu uma entrevista onde mal podia ser visto
devido à avalanche de microfones e câmeras que o cercava. Além de estar muito
irritado com o desempenho dos árbitros, Tite passou o tempo todo sendo
provocado pelos profissionais de imprensa que, mesmo que inconscientemente,
provocaram a reação explosiva do treinador que acabou soltando declarações polêmicas.
Além de não acrescentar nada de positivo à equipe, vale lembrar que durante a
citada entrevista mal podia se ver as marcas que patrocinam a equipe
corinthiana e pagam bem caro para estarem ali naquele momento.
É bem verdade que os estádios e equipes brasileiras passaram
a prestar mais atenção neste quesito nos últimos anos e o atual campeão da Taça
Libertadores é um dos times que mais zelam pelos seus parceiros. Entretanto este
episódio foi um exemplo claro de como uma coletiva mal organizada pode ser
prejudicial a uma equipe e como ainda estamos distantes de um cenário próximo
do ideal.
Certa vez ao participar de uma consultoria para a construção
de um estádio, o engenheiro se disse tranquilo em relação à sala de coletiva de
imprensa, afinal de contas aquele espaço não precisava de nenhuma atenção
especial, já que precisava apenas fazer uma simples sala. Infelizmente esse é o
pensamento comum entre muitos profissionais do mercado. Os detalhes que cercam
este local são vários e, evidentemente neste exemplo citado, nenhum deles
haviam sido notados pelo referido profissional.
Localização que facilite a privacidade do entrevistado e
acesso dos profissionais de imprensa são pontos básicos para uma boa sala de
coletiva de imprensa. Além disso, o espaço deve prever área para instalação de
câmeras de TV em locais mais elevados para que a imagem do entrevistado (e
também dos patrocinadores) apareçam limpas e sem os tradicionais “empurra
empurra” dos jornalistas.
Considerado por diversos profissionais de comunicação como
uma das melhores salas de imprensa do mundo, o autódromo de Valência, que
sediou recentemente o GP da Europa de F1, é um belo exemplo de como oferecer boas
condições de trabalho para os profissionais de imprensa pode repercutir
positivamente ao evento. Durante a cobertura da corrida, uma jornalista, que
cobria a corrida para uma emissora de rádio brasileira, abriu o destaque
principal da matéria da seguinte forma: “Com tanto conforto e estrutura não dá
nem tempo para criticar nenhum piloto, afinal de contas além dessa linda sala
de imprensa, daqui podemos avistar as belas paisagens da cidade de Valência”.
Esta sala de imprensa disponibiliza visão quase total da pista e oferece
diversos monitores que informam em tempo real as condições das corridas. Além
disso, a mesma conta com cabeamento de internet e saída de áudio para todos os
pontos, já que este espaço também pode ser utilizado como sala de coletiva, o
que representa um considerável ganho de tempo, já que os jornalistas não
precisam se deslocar. Será que o engenheiro que a planejou achou que se tratava
apenas de uma simples sala?
*Por Rodrigo Calvoso - Diretor de Comunicação
Sala de Imprensa e Coletiva do autódromo de Valência
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